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Pobres iludidos

Sempre ouvi dizer que “uma imagem vale mais que mil palavras”.  E, ao longo do tempo, tive provas que Confúcio tinha razão.

Na sociedade materialista e superficial em que vivemos, a aparência, a imagem, passou para um primeiro plano. Agradar, cair bem e satisfazer terceiros passou a ser a prioridade do dia a dia da maioria. Tudo isto com o objetivo de conseguir mais tarde o que se quer ou até algo em troca.

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Houve princípios e valores que se perderam ao longo da história, outros mudaram ligeiramente de significado e o Bem, esse, já não é praticado genuinamente, mas sim no meio de interesses paralelos.

Nesta sociedade de imagens, as pessoas foram ficando cada vez mais egoístas, invejosas e egocêntricas sem darem conta sequer. Tanto as pessoas como as próprias coisas foram perdendo valor e o lema começou a ser “cada um por si”.

No entanto, existem três sentimentos para os quais sempre tentamos encontrar uma explicação. São as três emoções mais velhas da história: a inveja, os ciúmes e a traição. As três estão perfeitamente relacionadas umas com as outras e completam-se entre si.

A traição vem do Latim “traditio” que significa “entregar algo em prejuízo de outrem” mas, hoje em dia, associamos esta palavra a relacionamentos amorosos. Mesmo assim, a traição sempre se deu entre pessoas onde existia confiança, proximidade. Isto explica muita coisa porque para existir traição existem sempre outros sentimentos envolvidos sejam bons ou maus.

Nas relações amorosas, as traições ocorrem por motivos diferentes. O homem trai por necessidades fisiológicas e meramente efêmeras porque é capaz de ter duas vidas paralelas sem sentir qualquer envolvimento em nenhuma delas. Preocupa-se apenas por satisfazer as suas necessidades momentâneas.  A mulher precisa de um motivo para trair, deixa-se envolver e cria sempre na sua cabeça uma história, um filme de amor eterno. O homem não, tanto que não é nada sem a mulher, envelhece mais depressa porque é o ser mais dependente da sua própria natureza que jamais existiu. É incapaz de permanecer sozinho enquanto que a mulher desgasta-se ao lado de um homem, porque possui aquilo que se conhece por “sexto sentido”, algo inexplicável seja para as mulheres seja para os homens. Daí serem seres tão misteriosos e apetecíveis, cheios de inteligência emocional. Elas passam a vida a tentar encontrar respostas para certos comportamentos do homem, que funcionam mediante impulsos, e eles passam a vida a tentar percebê-las, sendo incapazes geneticamente de refletir sobre vários eventos e associá-los a diferentes momentos e contextos.

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Depois existe ainda outro tipo de traição: entre amigos ou familiares. A todos os tipos e casos de traições associamos a existência de falta de respeito e consideração. As pessoas para serem respeitadas têm de se dar ao respeito e  para isso precisam de dizer aquilo que pensam e ser totalmente sinceras com elas próprias e com  os outros. Normalmente as pessoas não reagem muito bem às grandes verdades ou a uma chamada de atenção porque passam a vida a iludir-se com mentiras e a tentarem ser aquilo que não são simplesmente para agradar os outros ou então para aparentar uma falsa felicidade. Não podemos condenar estas pessoas que não passam de umas frustradas que nunca dizem aquilo que pensam por medo a serem excluídas do círculo. É totalmente legítimo.  Há apenas que ter esperança que um dia tenham coragem suficiente para aplicar a verdade na vida delas.

Por esta razão é que as pessoas verdadeiramente sinceras são mais solitárias porque dizendo as verdades e aquilo que pensam são excluídas de certos círculos familiares,  amigáveis ou amorosos. No fundo, não se importam nada com isso porque não lhes interessa ter pessoas na vida delas com o cérebro do tamanho de uma minhoca que vêm apenas o ponto de vista delas, são incapazes de se posicionarem no lugar dos outros e deixam a ignorância governar a vida delas. Admitir os erros é também uma qualidade que nem toda a gente possui e só com muita introspecção e reflexão se chega lá.

Quem diz aquilo que pensa é mais feliz porque a sua aparência não ilude ninguém.  Na sociedade em que vivemos existem muitas coisas fúteis que nos separam e uma delas é a falta de compreensão.