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Aos valentes leitores

Os dedos das minhas mãos – congelados e dormentes do frio – não os sentia, metade do meu rosto estava afundado numa maldita intempérie, tão venenosa, que me procurava e moía, aos poucos, com beijos inocentes. E o meu coração…maldito sejas!

(Pára, pára, pára!)

Recapitulando: estava eu com as mãos frias, congeladas quero eu dizer, que me impossibilitavam quase de escrever, quando do nada me assaltaram uns pensamentos estranhos de uma “intempérie” qualquer. Depois, também do nada, veio o coração à baila. Que lamechice, porra!

(Calma, respira, tu consegues…)

Bora lá fazer deste texto algo comestível, ou legível, para quem gosta de ler.

O que eu queria mesmo era voltar ao mundo real e escrever algo: real. Por isso vou tornar isto o mais real possível, se tiveres tido a coragem de continuar a ler este texto é porque valeu mesmo a pena, o melhor ainda está para vir. Prepára-te:

Tenho os dedos das mãos frios, imaginação não me falta, e ponho-me logo a pensar noutras coisas. Estou preocupada: acho que estou a sentir borboletas cá dentro.

(Achas que alguém vai ler isso? É o melhor que consegues fazer?)

(Aos valentes que ainda aí estão: não me deixem, só mais umas linhas!)

Última tentativa:

Sinto frio. Dói-me a alma e o coração.

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Filipe encontra o seu melhor amigo a forçar um beijo com a sua mulher

Filipe seguira-os até à pastelaria, desconfiado daquela estranha relação. Via-os lá, todos gingões, o seu melhor amigo e a sua mulher, a conversarem com um brilhozinho nos olhos, como um autêntico casal, até que Filipe forçou um beijo com a sua mulher. Levado pelo ciúme dirigiu-se a toda a velocidade e entrou na pastelaria com raiva no olhar, foi direito à mesa deles e, sem hesitar, agarrou nos cabelos da mulher e gritou:

– Afasta-te dele, sua ordinária! Ele é meu!

O silêncio instalou-se no local, Rui tentava acalmá-lo enquanto Laura gritava, desalmadamente. Mas o que quisera dizer com aquilo? Como se aquela violência toda não bastasse, pegou num garfo, espetou-o com todas as forças na bola de Berlim cheia de creme que tinham em cima da mesa e, para surpresa de toda a gente, deu-lhe uma trinca e esfregou o bolo na cara de Laura, deixando-a cheia de creme de ovo pelo rosto e o cabelo. O surrealismo apoderava-se da situação.

Lá fora, três carros da polícia com as sirenes ligadas, polícias com as armas apontadas à pastelaria, esperavam o pior – pois nestas situações espera-se o pior, que tudo descambe, que haja mortos e feridos – mas Rui só tinha como arma um, inocente, garfo. Enquanto mantinha imóvel a sua mulher, chorava baba e ranho, declarava-se ao seu melhor amigo e insultava Laura.

by Alfred Eisenstaedt

by Alfred Eisenstaedt